"Mais que amor, dinheiro e fama, dai-me a verdade. Sentei-me à uma mesa onde a comida era fina, os vinhos abundantes e o serviço impecável, mas onde faltavam sinceridade e verdade, e com fome me fui embora do inóspito recinto. A hospitalidade era fria como os sorvetes. Pensei que nem havia necessidade de gelo para conservá-los. Gabaram-me a idade do vinho e a fama da safra, mas eu pensava num vinho muito mais velho, mais novo e mais puro, de uma safra mais gloriosa, que eles não tinham e nem sequer podiam comprar. O estilo, a casa com o terreno em volta e o entretenimento não representam nada para mim. Visitei o rei, mas ele deixou-me à espera no vestíbulo, comportando-se como um homem incapaz de hospitalidade. Na minha vizinhança havia um homem que morava no oco de uma árvore e cujas maneiras eram simples. Teria feito bem melhor visitando aquele homem.
Até quando nos sentaremos à porta de casa a praticar virtudes ociosas e bolorentas, que qualquer trabalho tornaria descabidas? É como se alguém começasse o dia com paciência, contratasse alguém para lhe fazer o trabalho braçal e saísse para praticar a mansidão e a caridade cristãs com bondade premeditada!"
Texto de Henry David Thoreau
1 comentários:
Os valores invertidos na atual sociedade continuam só aumentando, onde a realidade da hospitalidade, daquela sensação humana mesmo está ficando cada vez mais de lado, vejo isso até nessa nova geração, onde meus próprios irmãos acham o "vinho mais caro, da safra conhecida" melhor do que aquele suco de uva simples, mas de um paladar inigualável, pelo simples fato de possuir um rótulo! O bom é respirar, e isso que falta hj.
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